domingo, 18 de novembro de 2007

O Pasquim


Após o golpe de 64 e a deposição de João Gourlat, o Brasil iniciou um período da sua história marcado pelo autoritarismo e pelo arbítrio. Foi mais uma fase política antidemocrática caracterizada pela perda de garantias individuais, da liberdade de expressão e de pensamento, dos direitos do cidadão, da imposição da censura aos meios de comunicação, entre outros.
Em meio à ditadura militar, no final de 1968 após uma reunião entre o cartunista Jaguar e os jornalista Tarso de Castro e Sérgio Cabral, nasce o jornal O pasquim. O nome foi inspirado na história de um monsenhor italiano chamado Pasquino, que ficou conhecido por escrever fofocas e noticias para serem lidas na praça pública. Tendo como colaboradores Millôr Fernandes Henfil, Ivan Lessa, Zélio Pinto, Ferreira Gullar e Sérgio Augusto, com sua primeira edição publicada em 26 de junho de 1969, um momento em que os jornais ainda não tinham recuperado o susto do AI-5. O AI-5 era o Ato Institucional nº5, decretado pelo Marechal Costa e Silva, onde o mesmo ganhava mais poderes, tais como caçar mandatos políticos, determinar a prisão de adversários do governo, considerados subversivos à ordem estabelecida e censurar os meios de comunicação.
O jornal iniciou sua trajetória com uma tiragem inicial de 20mil exemplares, o que seria uma quantidade exagerada, o que, porém surpreendeu a todos foi que em meados da década de 70 o jornal já possuía uma tiragem de 200 mil exemplares, tornando-se um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro. Logo depois entraram Paulo Francis, Henfil e outros. O jornal ficou mais politizado e aumentando sua luta contra repressão, O pasquim passou então a ser porta-voz da indignação. Inicialmente a intenção era de fazer um jornal carioca, de Ipanema, mas depois do sucesso partiu para São Paulo e outros estados.
O jornal seguia uma linha editorial com entrevistas informais, sem roteiro preestabelecido, e enfocavam áreas diversas, era um jornal sem pauta.
No final da década de 60, em função de uma entrevista polêmica com
Leila Diniz, foi instaurada a censura prévia aos meios de comunicação no país, por um Decreto que ficou conhecido pelo nome da atriz.
Em
novembro de 1970 a redação inteira do O Pasquim foi presa depois que o jornal publicou uma sátira do célebre quadro de Dom Pedro às margens do Ipiranga, (de autoria de Pedro Américo), e colocou Pedro cantando: “Eu quero mocotó!”.As autoridades acharam a brincadeira atentatória à segurança nacional. O jornal ficou sendo mantido por Millôr Fernandes, com colaborações de Chico Buarque, Antônio Callado, Rubem Fonseca, Odete Lara, Gláuber Rocha e diversos intelectuais cariocas. Todo mundo trabalhava de graça, não havia remuneração. Mas a vendagem caiu. Antes da prisão houve um acontecimento importante: o jornal sofreu dois atentados de bomba. Um chegou a explodir, destruindo toda fachada. A outra por milagre não explodiu.
Porém na década de 80, continuaram as prisões e as perseguições as bancas que vendiam jornais alternativos, e aí começara a derrocada do Pasquim que entrou em uma crise financeira da qual nunca se recuperaria, porém manteve-se firme e ainda sobreviviveria à abertura política de
1985, mesmo com o surgimento de inúmeros jornais de oposição e de novos conceitos de humor (Hubert, Reinaldo e Cláudio Paiva, egressos do Pasquim, fundaram O Planeta Diário).
O Pasquim modificou a linguagem jornalística ao escrever como se falava e isso influenciou até a propaganda no Brasil. A utilização de palavrões que daí em diante podiam ser falados e publicados foi uma libertação da imprensa brasileira.
O jornal passou a refletir o pensamento de partidos políticos como o PDT de Leonel Brizola, o jornal foi perdendo a graça e caminhando para o fim. Após 20 anos de trabalho contínuo, sai a ultima edição de número 1.072 no dia 11 de novembro de 1991.

Pasquim 21

Lançado em 19 de fevereiro de 2002, por Ziraldo e seu irmão Zélio Alves Pinto, o jornal seguia a linha standart, com tiragem inicial de 100mil exemplares 44 páginas, e distribuição em todo o território nacional e contava ainda com um caderno de anúncio para assinantes empresariais.
Para relançar o jornal Ziraldo contou com a ajuda da Sirius Sistemas Digitais e da Prefeitura do Rio de Janeiro, que comprou uma página para divulgar os eventos culturais da cidade.
Porém ao contrário de “O Pasquim”, o “Pasquim 21” (referência ao século) não contou com a colaboração de Millôr Fernandes e Jaguar, devido á divergências pessoais profissionais e ainda o medo da publicação não dar certo, já que se tratava de um relançamento.
No dia 11 de julho de 2004, Ziraldo anunciava durante a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que a edição daquela semana seria a última que O pasquim 21 seria publicado.
Com 117 edições O Pasquim 21 chega ao fim com uma matéria de capa que dizia: "Adeus velho Briza!", sobre Leonel Brizola, presidente nacional do PDT que morreu no dia 21 de junho. A edição também trazia uma entrevista com Carlos Alberto de Almeida, candidato à vaga de presidente da Federação Nacional de Jornalistas, além das
tradicionais seções.
Conteúdo do seminário Apresentado a professora Márcia Guena Disciplina História do Jornalismo
Foto:Google